Temas Transversais - Pluralidade Cultural
Dominação Chinesa no comércio popular num contexto histórico-econômico
Introdução
Visitamos em São Paulo um local com uma
concentração muito grande de chineses e paramos para pensar em como se dá a
influência desse grupo étnico no Brasil, principalmente em São Paulo
basicamente no comércio paulista. Selecionamos o tema de "pluralidade
Cultural" como melhor maneira de entender e estudar tais questões.
Observamos seus comportamentos e pesquisamos a respeito do tema de forma a
apresentar este trabalho com uma visão diacrônica do assunto.
A Origem
da Imigração Chinesa
A imigração chinesa no
Brasil teve início em 1810, quando Portugal organizava
em sua colônia de Macau a vinda dos primeiros chineses para o país.
Depois, eles vieram para desenvolver o cultivo do chá em São
Paulo e para trabalhar na implantação da ferrovia no Rio de
Janeiro, capital do país na época.
A primeira entrada oficial de chineses em São Paulo ocorreu em 15
de agosto de 1900. O grupo era formado por 107
pessoas que, viajando no vapor Malange, procedente de Lisboa, desembarcou
no Rio de Janeiro, sendo conduzido em seguida para a Hospedaria de Imigrantes
na cidade de São Paulo.
Porém, o grande fluxo da imigração chinesa se deu a partir da década
de 1950. Os principais motivos dessa migração foram as guerras que estavam
ocorrendo na China, e que ocasionavam a falta de alimentos no país. A imigração
chinesa voltou a crescer, a partir de 1949, com a implantação do comunismo na
China, quando um grande número de chineses mudou-se para Taiwan e
logo em seguida buscaram um novo país no estrangeiro, grande número imigrando
para o Brasil.
A invasão no Comércio
No
que era o maior polo atacadista da América Latina, criado há décadas pela
comunidade árabe, ouvem-se agora conversas em mandarim e cantonês, dialetos da
língua chinesa. As lojas de sempre estão sendo substituídas por bilhares de
boxes que vendem produtos, no geral falsificados, de consumo popular. Os novos
donos do lugar – a Rua 25 de Março e adjacências – são chineses. Os
comerciantes tradicionais, descendentes de árabes, como os sírio-libaneses, os
armênios, estão sendo expulsos.
Um fator determinante para tamanha
transformação foi o valor do aluguel das lojas. Os chineses entraram com muito
dinheiro, e inflacionaram absurdamente os preços da locação e das luvas
(pagamento pelo ponto comercial). Quando os contratos de aluguel vencem, os
comerciantes antigos não têm condições renová-los. Não conseguem competir com a
oferta dos chineses.
Um
texto entregue ao DC com o título "O comércio legal pede socorro",
diz, em certo trecho: “Estes imigrantes entram em nosso País sem a devida
documentação, aos montes, todos os dias, por países vizinhos ou com entrada de
turista. Acabam fixando-se aqui, e trazendo sua família, ou mesmo as formando
aqui, o que os impede de ser mandados de volta ao seu país”.
A presença dos chineses é considerada
assunto delicado, quando se pede informações à Univinco, União dos Lojistas da
Rua 25 de Março e Adjacências, fundados há 44 anos. Mas um dos diretores,
Martinho Nunes, diz o que pensa, à sua maneira. "Os chineses chegaram com
muito dinheiro, mandando, e pronto. Tomaram conta. Chegam pagando o que não
vale, aluguéis absurdos."
Impacto Causado
Quando
entramos num centro comercial como a Rua 25 de março, tivemos um choque.
Primeiro visual, com o aglomerado de pessoas e a maioria étnica e esteticamente
diferente de nós (os chineses), depois um choque auditivo, em pleno centro de
São Paulo, nada daquele habitual sotaque paulista, com muita marcação de “r” e “s”,
muitos “meu” – nada disso ecoava em nossos ouvidos, mas sim, vozes agudas e
estridentes emitindo ou gritando palavras que em nada se assemelhavam com o
nosso idioma. Mesmo assim, isso não impedia aquelas pessoas de serem os donos
de todas as lojas por onde circulamos. Daí então, levamos em conta o retrocesso
em nossa história para lembrar que uma língua só é difundida ao povo através das
relações comerciais estabelecidas entre eles para com os outros (principalmente
quando há o interesse financeiro e econômico). É assim que vemos os chineses em
nossa cidade, a língua que em muitas vezes é tida como forma de imposição de
poder, na verdade perde para o poder capital em qualquer instancia. O que
começou com a promessa de implementação econômica entre os países e uma melhora
na inter-relação entre culturas totalmente diferentes, tornou-se um instrumento
de imposição comercial, pois para os chineses não é necessário conhecer a
estrutura da nossa língua se o interesse financeiro é maior e apenas com
algumas poucas palavras eles dominam a cena do comércio na região central de
umas das maiores metrópoles do mundo.
Interessante a proposta.
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