quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Trabalho de Linguística geral - Linguística Diacrônica



Transformações da Língua

    Quando o mundo muda, a palavra muda, e a língua, por sua vez, é viva, está em constante movimento.  À medida que a sociedade se desenvolve e se modifica, cria uma necessidade de atualizar sua forma de se expressar, por esse motivo e por inúmeros fatores, as palavras e expressões usadas no cotidiano das pessoas mudam, ou para formas menores, devido ao ritmo de vida cada vez mais acelerado, ou então para palavras completamente diferentes.

     Uma das linhas de estudo da linguística é a diacrônica, que trata das mudanças de uma determinada língua através do tempo, considerando o contexto histórico e social. Estuda a substituição dos termos e expressões, que ocorre sucessivamente, desde a época da colonização do Brasil, onde aconteceu o fenômeno do surgimento da língua geral, que foi a fusão de dois idiomas.
     O nheengatu é uma língua artificial que se originou a partir do século XVII no Pará e Maranhão, como língua franca criada pelos jesuítas portugueses a partir do vocabulário e pronúncia tupinambás, que foram enquadrados em uma gramática modelada na língua portuguesa. Para conceitos e objetos estranhos à língua, emprestaram-se inúmeros vocábulos do português e espanhol. A essa mistura, deu-se o nome ie’engatu, que significa "língua boa".
Entretanto, a língua entrou em declínio no fim do século XVIII, com o aumento da imigração portuguesa, e sofreu duro golpe em 1758, ao ser banida pelo Marquês de Pombal, por ser associada aos jesuítas, que haviam sido expulsos dos territórios dominados por Portugal. Esse declínio do nheengatu na Amazônia se acentuou com a chegada de imigrantes nordestinos, falantes do português.  
     O termo diacronia foi introduzido por Ferdinand de Saussurre com o objetivo de opor ao termo sincronia. A linguística diacrônica analisa quais foram os fatores da mudança nas palavras, e quais foram essas mudanças, tais como as ocorridas nas seguintes palavras:

Você – A palavra você origina do antigo “vossa mercê”. Inicialmente, mercê era o elevado tratamento dado na terceira pessoa aos reis de Portugal. No século XV quando os reis passaram a adotar o tratamento alteza, o “mercê” passou a ser utilizado para as principais figuras do Reino, nas principais casas fora da Família Real, e que consecutivamente passou a ser a nomenclatura dos fidalgos entre si. Esse processo de mudança ocorre lentamente, e imperceptível para os cidadãos que viviam naquela época. Após o “vossa mercê” o pronome de tratamento passou por “vossemecê”, “vosmecê”, e “vancê”, antes de chegar ao atual “você”.


Farmácia – Ela vem do Latim PHARMACIA, que a tomou do Grego PHARMAKEIA que significava “uso de drogas e medicamentos”, de PHARMAKEUS, “preparador de medicações”, de PHARMAKON, “veneno, droga, filtro, encanamento”. O seu uso para designar “estabelecimento onde se vende remédios” é de meados do século X


Bicicleta – Essa palavra deriva da junção do Latim “bi”, equivalente a dois, e do Grego “kyklos”, que significa ”redondo ou circular”


Planador – Vem de “planar”, palavra que deriva do Latim “planus”, que significa “liso, sem relevo, achatado”.


Avião – Vem do francês “avion”, derivado do Latim “avis” que significa pássaro. A semelhança é que ambos voam.


Direito – A palavra vem do Latim “Directus”, a um que “segue regras pré-determinadas ou a um dado preceito”.  O termo evoluiu em português da forma "directo" (1277) a "dereyto" (1292), até chegar à grafia atual (documentada no século XIII). Para outros autores a palavra faz jus à deusa romana da Justíça, Justitia, que segura em suas mãos uma balança com fiel. Diziam que havia justiça quando o fiel estava absolutamente perpendicular com o solo: “de-rectum”, perfeitamente reto. Tal termo surgiu entre as classes populares e fontes extra-jurídicas antes de tornar-se erudito, o que ocorreu com o uso dessas palavras pelos juízes do Baixo-Império Romano.